Muitas histórias, muitas emoções e aprendizados passam a fazer parte da bagagem dessa família simpática e acolhedora.
Ao lado de Vilfredo e Heloísa Schürmann, com o fotógrafo Rafael Lemos |
Segundo
o casal Schürmann, algumas comemorações foram marcantes,
impactantes pela profundidade e envolvimento da população.
Como
nossa próxima comemoração é a Páscoa, perguntei sobre a
experiência que passaram na ilha Cebu com a crucificação real de
um homem que, segundo o Capitão, estava cumprindo uma promessa de 12
crucificações, sendo aquela, a décima vez.
Nem
todos os tripulantes, já sabendo que tratava-se de fortes emoções,
participaram, mas os que foram, incluindo Vilfredo, ficaram muito
impressionados, a ponto da assistente de câmera desmaiar ao ver os
pregos rasgarem os pés e mãos do devoto. Depois, a coroa de
espinhos é colocada em sua cabeça e o sangue, tal como em Cristo,
escorre-lhe pela face. O cristão fica vinte minutos, crucificado e
exposto a uma multidão, pagando sua promessa, entregue à sua fé.
Mais
de 3.000 pessoas participam desse evento e gentilmente o Capitão
permitiu-nos fotografar o livro que retrata sua expedição e que
contém as fotos desse momento. Diz que em nenhum outro lugar
presenciaram algo tão forte, tão impressionante, que demonstrasse
tamanha devoção.
Logicamente
fica à espera, uma ambulância para levar o fiel imediatamente após
sua descida da cruz. Vilfredo salienta que retiram-lhe os pregos e o
sangue jorra… Só de imaginar, meu coração palpita e enche-se de
respeito por tanta entrega!
Foto: Rafael Lemos |
Heloísa
menciona a cerimônia de uma espécie de “batismo” nas ilhas
Mentawai que ela e outros tripulantes também não foram, e Vilfredo
narra os fatos que presenciou.
Tiveram
uma caminhada muito difícil, por mais de 21 km segundo ele,
atravessando mangues e montanhas até chegarem aos nativos da
Indonésia. No caminho, parte de seu grupo foi atacado por sangue
sugas e ele sentiu dores terríveis de câimbras, “- O chefe foi
pro meio do mato, pegou umas folhas e passou nas minhas pernas.
Depois colocou em uma garrafa, flores vermelhas e brancas, misturou
aquilo e me deu para tomar”, diz Vilfredo. Eu perguntei se a dor
passou rapidamente e ele respondeu que foi impressionante.
Foto: Pinterest |
Chegando
à aldeia, na casa dos nativos, diz que contou noventa e duas
caveiras de macacos, que é comum ser caçado com arco e flecha por
eles. Naquele momento, às quatro horas da tarde, foram pegar um
porco selvagem e só conseguiram às onze da noite e o Capitão diz
que ficou chocado porque o porco gritava muito e para calá-lo,
enfiaram os dedos nos dois olhos do porco silenciando-o
imediatamente.
O
porco foi amarrado para ser usado pela manhã no ritual de iniciação
comum ao nascimento de um menino.
No
dia seguinte, então, é que ocorre o “batismo” da criança. Para
que ela não tenha medo do animal quando for caçar, matam o porco,
cortam-lhe a garganta e o sangue é colocado sobre a cabeça do bebê…
“Também uma coisa assim, muito forte.” Finaliza Vilfredo.
Muito
diferente desta cerimônia em Mentawai, é o batismo dos barcos antes
de sua primeira viagem. A comemoração se dá em duas partes. A
primeira quando a estrutura do barco fica pronta, realizam um
churrasco, “uma festa mesmo”, segundo Vilfredo, e quando o barco
vai para a água, uma champanhe tem que ser quebrada para trazer boa
sorte. Lembram que o champanhe não quebrou no Titanic, então
Heloísa diz que no veleiro Kat, ela estava em cima de um andaime,
cheia de medo, com seu filho segurando suas pernas e dizendo: “Bate
com toda força!”. Ela bateu e fala que estourou de forma linda.
Para
maior proteção ao veleiro eles mantêm uma imagem de Nossa Senhora
dos Navegantes e de Iemanjá e sempre participam da festa realizada
em 2 de fevereiro por ser muito forte para quem é navegante.
Perguntei
ao casal Schürmann, depois de tantas incursões culturais e sociais,
se eles pudessem criar uma data comemorativa que ainda não exista no
Brasil e no mundo, qual seria o tema dessa celebração?
Heloísa
imediatamente diz que criaria o dia de CONSCIENTIZAÇÃO DOS OCEANOS.
“Não é o dia do meio ambiente, nem o dia dos oceanos, mas o “Dia
de Conscientização dos Oceanos”, reforça.
Transcrevo
suas palavras:
“-
Ah, hoje é o dia dos oceanos, então vamos cuidar dele. Não, não é
isso. É o dia de conscientização mesmo, porque (confere com
Vilfredo) em 2050, teremos mais plástico no mar do que peixe. Então,
esse seria um dia para que as pessoas parem pra pensar um pouquinho
nisso. Esse seria um dia que eu criaria”.
E
essa é uma preocupação que devemos ter já. Nós vimemos em um
ecossistema que necessita de equilíbrio para se manter saudável e por conta do
progresso, estamos interferido profundamente em seu ciclo natural. Devemos
ter consciência que sofreremos as consequências de tamanha
negligência. Temos que repensar nossa maneira de usarmos nosso
espaço, seja terra ou mar, para que possamos festejar ao invés de
chorar.
Por
serem tão festeiros, comungando da ideia de que todo feito deve ser
comemorado e também como uma forma de desenvolver o espírito de
equipe, o respeito aos oceanos, ao ambiente no qual estamos inseridos
e muitos outros conceitos próprios e necessários às organizações,
a Família Schürmann promove passeios para empresários e
funcionários de grandes organizações como forma de premiação ou
programa motivacional.
Você pode saber mais em: Soluções Corporativas
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