domingo, 19 de março de 2017

Família Schürmann e as festas ao redor do mundo - 2ª parte

Muitas histórias, muitas emoções e aprendizados passam a fazer parte da bagagem dessa família simpática e acolhedora.


Ao lado de Vilfredo e Heloísa Schürmann, com o fotógrafo Rafael Lemos

Segundo o casal Schürmann, algumas comemorações foram marcantes, impactantes pela profundidade e envolvimento da população.
Como nossa próxima comemoração é a Páscoa, perguntei sobre a experiência que passaram na ilha Cebu com a crucificação real de um homem que, segundo o Capitão, estava cumprindo uma promessa de 12 crucificações, sendo aquela, a décima vez.
Nem todos os tripulantes, já sabendo que tratava-se de fortes emoções, participaram, mas os que foram, incluindo Vilfredo, ficaram muito impressionados, a ponto da assistente de câmera desmaiar ao ver os pregos rasgarem os pés e mãos do devoto. Depois, a coroa de espinhos é colocada em sua cabeça e o sangue, tal como em Cristo, escorre-lhe pela face. O cristão fica vinte minutos, crucificado e exposto a uma multidão, pagando sua promessa, entregue à sua fé.
Mais de 3.000 pessoas participam desse evento e gentilmente o Capitão permitiu-nos fotografar o livro que retrata sua expedição e que contém as fotos desse momento. Diz que em nenhum outro lugar presenciaram algo tão forte, tão impressionante, que demonstrasse tamanha devoção.
Logicamente fica à espera, uma ambulância para levar o fiel imediatamente após sua descida da cruz. Vilfredo salienta que retiram-lhe os pregos e o sangue jorra… Só de imaginar, meu coração palpita e enche-se de respeito por tanta entrega!

Foto: Rafael Lemos

Heloísa menciona a cerimônia de uma espécie de “batismo” nas ilhas Mentawai que ela e outros tripulantes também não foram, e Vilfredo narra os fatos que presenciou.
Tiveram uma caminhada muito difícil, por mais de 21 km segundo ele, atravessando mangues e montanhas até chegarem aos nativos da Indonésia. No caminho, parte de seu grupo foi atacado por sangue sugas e ele sentiu dores terríveis de câimbras, “- O chefe foi pro meio do mato, pegou umas folhas e passou nas minhas pernas. Depois colocou em uma garrafa, flores vermelhas e brancas, misturou aquilo e me deu para tomar”, diz Vilfredo. Eu perguntei se a dor passou rapidamente e ele respondeu que foi impressionante.
Foto: Pinterest
Chegando à aldeia, na casa dos nativos, diz que contou noventa e duas caveiras de macacos, que é comum ser caçado com arco e flecha por eles. Naquele momento, às quatro horas da tarde, foram pegar um porco selvagem e só conseguiram às onze da noite e o Capitão diz que ficou chocado porque o porco gritava muito e para calá-lo, enfiaram os dedos nos dois olhos do porco silenciando-o imediatamente.
O porco foi amarrado para ser usado pela manhã no ritual de iniciação comum ao nascimento de um menino.
No dia seguinte, então, é que ocorre o “batismo” da criança. Para que ela não tenha medo do animal quando for caçar, matam o porco, cortam-lhe a garganta e o sangue é colocado sobre a cabeça do bebê… “Também uma coisa assim, muito forte.” Finaliza Vilfredo.



Muito diferente desta cerimônia em Mentawai, é o batismo dos barcos antes de sua primeira viagem. A comemoração se dá em duas partes. A primeira quando a estrutura do barco fica pronta, realizam um churrasco, “uma festa mesmo”, segundo Vilfredo, e quando o barco vai para a água, uma champanhe tem que ser quebrada para trazer boa sorte. Lembram que o champanhe não quebrou no Titanic, então Heloísa diz que no veleiro Kat, ela estava em cima de um andaime, cheia de medo, com seu filho segurando suas pernas e dizendo: “Bate com toda força!”. Ela bateu e fala que estourou de forma linda.

Para maior proteção ao veleiro eles mantêm uma imagem de Nossa Senhora dos Navegantes e de Iemanjá e sempre participam da festa realizada em 2 de fevereiro por ser muito forte para quem é navegante.
Perguntei ao casal Schürmann, depois de tantas incursões culturais e sociais, se eles pudessem criar uma data comemorativa que ainda não exista no Brasil e no mundo, qual seria o tema dessa celebração?

Heloísa imediatamente diz que criaria o dia de CONSCIENTIZAÇÃO DOS OCEANOS. “Não é o dia do meio ambiente, nem o dia dos oceanos, mas o “Dia de Conscientização dos Oceanos”, reforça.
Transcrevo suas palavras:

- Ah, hoje é o dia dos oceanos, então vamos cuidar dele. Não, não é isso. É o dia de conscientização mesmo, porque (confere com Vilfredo) em 2050, teremos mais plástico no mar do que peixe. Então, esse seria um dia para que as pessoas parem pra pensar um pouquinho nisso. Esse seria um dia que eu criaria”.
E essa é uma preocupação que devemos ter já. Nós vimemos em um ecossistema que necessita de equilíbrio para se manter saudável e por conta do progresso, estamos interferido profundamente em seu ciclo natural. Devemos ter consciência que sofreremos as consequências de tamanha negligência. Temos que repensar nossa maneira de usarmos nosso espaço, seja terra ou mar, para que possamos festejar ao invés de chorar.

Por serem tão festeiros, comungando da ideia de que todo feito deve ser comemorado e também como uma forma de desenvolver o espírito de equipe, o respeito aos oceanos, ao ambiente no qual estamos inseridos e muitos outros conceitos próprios e necessários às organizações, a Família Schürmann promove passeios para empresários e funcionários de grandes organizações como forma de premiação ou programa motivacional.

Você pode saber mais em: Soluções Corporativas






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