domingo, 12 de março de 2017

Família Schürmann e as festas ao redor do mundo!

Um bate-papo super descontraído e rico de experiências fantásticas com Heloísa e Vilfredo, sobre comemorações que marcaram o casal em suas expedições a bordo do veleiro Kat!


Foto: Rafael Lemos

Separei nossa conversa em dois posts, deixando a parte que contempla as comemorações mais impactantes e as festas de batismo dos veleiros, para outro momento, já que a riqueza de detalhes com que fui agraciada por estes fantásticos contadores de suas histórias, merecem tratamento especial.

No dia 03 de março, comecei perguntando se eles gostam de carnaval ou se preferem descansar nestes dias e, para minha surpresa, Heloísa e Vilfredo disseram que sempre gostaram muito, embora hoje prefiram descansar, já participaram ativamente e foram tema em 2001, de uma escola de samba em Santa Catarina com o enredo Abre Alas que a Família Schürmann Vai Passare depois também em Florianópolis, logo após sua segunda volta ao mundo.

Imagem: Pinterest
Vilfredo comentou que há festas belíssimas ao redor do mundo, nas quais sempre gostam de participar, como o Festival da Lua Cheia, que acontece todo mês no Vietnã, reunindo um grande número de pessoas que colocam velas nos rios.


Bali é uma festa, parecendo ser carnaval o ano inteiro, diz Heloísa, com diversos festivais e Vilfredo ressalta a Festa da Ganesha, as festas nas Ilhas Maurícios, Ilha de Páscoa, dentre outras. Em todas que encontram pelas suas viagens, eles sempre tentam participar, independente de serem festas culturais ou religiosas. São seduzidos pelas tradições e principalmente pelas músicas que marcam os povos com seus ritmos e sons únicos.
Imagem: www.timeanddate.com

Perguntei qual a festa popular que mais os marcou. Para o Capitão, foi Waitangi Day na Nova Zelândia. Esta festa acontece dia 6 de janeiro quando o primeiro tratado foi assinado (Tratado de Waitangi), sendo o documento fundador da Nova Zelândia. Segundo Vilfredo, os sons são impactantes tanto quanto a dança, chamada Haka. Barcos esculpidos em madeira são lançados ao mar e numa destas celebrações em que estavam presentes, a bandeira Brasileira chamou a atenção assim como a participação ativa de toda família Schürmann causou grande curiosidade. Foram, então, chamados, pois queriam saber o que eles estavam fazendo ali e puderam ter um maior envolvimento com a celebração.
Imagem: Pinterest



Imagem: Pinterest



Na China também foram marcados pela festa Tin How, que celebra uma deusa como nossa Iemanjá, com procissão de barcos para pedido de proteção no mar e festas muito coloridas em terra, com dragões que se você passar a mão neles, terá muita sorte. 
Heloísa disse que passou a mão diversas vezes e que foram dançando com eles, caminhando e seguindo ao som de Erhu, um instrumento de apenas duas cordas que segue na “procissão” que traz ao final a deusa representada. Um grande envolvimento e participação de todo o povo, e cujas lembranças torna a arrepiar Heloísa, demonstrando toda sua sensibilidade.

Mais uma vez as lembranças se voltam para as Ilhas Maurícios, pois também participaram ativamente da festa à Deusa Ganesha, vestidos com roupas indianas e assimilando a cultura do lugar, presenciaram quando a Deusa, feita de barro, é jogada no mar ou no rio para se desfazer e trazer prosperidade ao povo.

Foto: Rafael Lemos



Outra memória que Heloísa nos traz foi a comemoração do Ano Novo Chinês, pois estavam em Kumai. Ela diz que providenciou lanternas vermelhas e toda a decoração, festejando a bordo conforme a tradição.
Uma festa muito interessante, que Vilfredo compartilhou, é a comemoração da primeira travessia da linha do Equador por um tripulante. Segundo o Capitão, é um batismo, uma festa completa, pois ele se veste de Netuno empunhando a lança do deus dos mares e, depois de lambuzarem o tripulante com mel e grudar um monte de lixo nele, fazem uma encenação perguntam-lhe: “- Você vai ser bom com Netuno?”… “- E você tem que respeitar Netuno!”… “- Não jogue lixo no mar!”… Depois das respostas (positivas, é claro) a pessoa é lavada, se dando o batismo em si e ela assim, estará apta a navegar pelo mundo sem problema nenhum e com as bençãos de Netuno.

O casal Schurmann diz que é importante estar preparado, ao viajar o mundo, para participar dessas inserções de culturas tão diferentes. Como exemplo, dá-nos a narração de um evento em Motu, na Indonésia, onde oitenta polinésios preparam uma grande festa para a família. Com duração de três dias, eles fazem as comidas enterrando-as em um buraco e cobrindo-as com pedras vulcânicas e folhas de bananeira, exatamente como faziam há 100 anos. Eles aprenderam as danças típicas, comeram também com as mãos, seguindo a tradição.


Heloísa reforça a influência musical de cada lugar, lembrando que visitaram em Kinawa, no Japão, o atelier onde se faz um instrumento chamado Sangen, que tem apenas três cordas musicais. Confeccionado ainda de forma artesanal, de uma madeira que demora anos e anos para crescer, diz que o artesão coloca toda sua emoção ao talhar a madeira, como se a acariciasse. 
Depois de visitarem o atelier, Heloísa foi convidada a vestir-se de Gueixa para ouvir uma apresentação exclusiva do instrumento. Em suas palavras: “É uma coisa assim, extraordinária? - Vou dizer, fora do momento, parece que você está envolvida em um momento que você não tem noção, mas é muito lindo!”. 
Acrescenta que para ela que viajou o mundo todo, “ama a Polinésia com suas danças sensuais, porém em termos de festa, não tem povo mais festeiro que o povo de Bali, porque todo dia eles têm uma homenagem a uma deusa ou um deus, com oferendas em flores, em frutas, com tudo muito colorido e o fazem com uma alegria” e Vilfredo compara à alegria do povo brasileiro.

As festas de aniversários da família e de qualquer tripulante, normalmente são festas surpresas. Uma tarefa extremamente difícil em virtude da proximidade das relações dentro do veleiro, mas cumprida com esmero por todos para tornar o dia especial do aniversariante. Para a família Schürmann, esta é uma data muito importante que não deve passar em branco. Heloísa comenta que na Ilha de Páscoa fizeram-lhe uma festa surpresa, dando-lhe um dia de Spa para poderem afastá-la e quando retornou, na hora do almoço, preparam-lhe uma surpresa com toda a tripulação. Durante este carnaval, propiciaram a realização de uma festa pirata para a filha de uma amiga e todos se vestiram a caráter e ergueram uma bandeira de pirata no mastro do veleiro Kat.
Até eu gostaria de uma festa dessas!
Perguntei se eles, ao planejarem as viagens, antecipavam os preparativos para as festas, especialmente por terem levado os filhos ainda crianças, na primeira volta ao mundo. Vilfredo respondeu-me que sim, que já previam alguma coisa, mas sempre com a surpresa como fator fundamental da comemoração.

Para finalizar este post, perguntei qual seria então, o significado de festa para a família Schurmann. Vilfredo diz que para ele é congregar as pessoas, aquele momento de alegria, em qualquer lugar do mundo, onde as pessoas colocam o coração e a energia positiva para fora, que no Brasil, no carnaval, mais do que em São João, ou qualquer coisa, é o que mais assemelha-se aos outros povos. Heloísa acrescenta que para ela, "festa é você compartilhar o que se tem de bom, de música, de cultura com as outras pessoas."


 

2 comentários:

  1. Amei... Bom trabalho, e a família Schurmann é de outro mundo... Adorei conhecer a você e a eles, pena que não desfilaram na Portela comigo... Kkkk

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  2. Amei,a família é incrível e gente quero de novo com todos juntos amei todos.
    Beijos continue escrevendo.

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